sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Por que nenhum jornalista quis ouvir a advogada da Odebrecht?

Vejamos o que nos traz Paulo Nogueira, do site DCM:  Se um dia a posteridade quiser aferir a miséria do jornalismo brasileiro nestes tempos, bastará consultar o desabafo da advogada Dora Cavalcanti, que defende a Odebrecht no caso Petrobras. Num artigo publicado na Folha, ela contou que nem um único jornalista a procurou para conversar sobre o encontro que ela teve com o ministro José Cardozo no dia 5 de fevereiro. Repito: nem um. Zero. Que havia interesse jornalístico na reunião é evidente. É só ver, primeiro, o tom apocalíptico com que a mídia a noticiou. E depois a reação histérica e despropositada de Joaquim Barbosa e do juiz Sérgio Moro. Por que, então, ninguém foi atrás de uma pessoa que participou do encontro? É que a mídia brasileira não quer ouvir ninguém que traga pontos de vista diferentes dos seus em relação ao caso Petrobras. Não há espaço para vozes divergentes. Não existe pluralidade. A grande mídia tirou de sua agenda opiniões discordantes. Ajudar o leitor a entender a complexidade de muitas situações é uma das funções mais sagradas da imprensa. A nossa abdicou disso há muitos anos. Se você mostra uma realidade parcial para o leitor é mais fácil manipulá-lo. Esta a lógica sinistra da mídia brasileira. Dora tem bons pontos. A questão dos vazamentos seletivos é um deles. Em outros países, pondera ela, isso é inaceitável. No Brasil, isso virou uma rotina – sem que se veja nenhum empenho em Moro em tentar pôr fim a elas. Os vazamentos seletivos, e este é outro bom ponto de Dora, atrapalham consideravelmente o direito de defesa dos réus. Em essência, é uma coisa injusta. Como teria se comportado Moro se os vazamentos não alcançassem os suspeitos de sempre? Bem, é uma hipótese inverossímil: a imprensa não publicaria nada. A advogada Dora Cavalcanti trouxe alguma luz ao caso Lava Jato com seu depoimento. Moro e Barbosa, em compensação, produziram sombras. Com sua agressão a Cardozo, Moro deixou claro, talvez involuntariamente, que está longe de personificar o ideal do juiz equidistante e imparcial. É uma má notícia para a sociedade. Não à toa, a imprensa deu a ele o mesmo ar heróico que no Mensalão fora de Barbosa. Os dois – Barbosa antes e Moro hoje – simbolizam o conservadorismo na Justiça nacional. Barbosa, no Mensalão, fez horrores sem virtualmente nenhum obstáculo. É um alerta. Moro não pode ter o mesmo caminho fácil agora que foi concedido no passado a Barbosa.  Seus métodos têm que ser desafiados quando necessário. Foi o que a advogada Dora Cavalcanti fez. A despeito do que a Justiça decida sobre o papel da Odebrecht na história, o gesto de sua advogada merece aplausos. De pé.

Privataria
Entre 1997 e 2001, houve uma corrida de brasileiros ao HSBC suíço para abrir contas. O que houve no país naquela época? A Privataria tucana.

Chuva
Chegando, Devagarzinho. Pode até não ter inverno, mas já estamos tendo chuvas. “Inverno de mangas” fazendo ramas para salvar a manada. Fazendo água para salvar o povo da sede e salvando também as melancias de sequeiro da Serra do Mel. Amém.

FotoLegenda
A senadora Fátima Bezerra estará em nossa residência na vila Amazonas da Serra do Mel, no próximo domingo, durante a comemoração dos cem programas A Voz da Serra no ar. Fará parte da caravana que tem à frente o governador Robinson Faria, juntamente com os deputados Fernando Mineiro e Souza, receberão documentos reivindicatórios das organizações serranas.

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